domingo, 25 de setembro de 2011

Que tal essa ideia?

Vídeo sobre a temática "consumo" produzido por alunos de LCM



Alunos: Gabriel, Victor, Lorena e Vanessa Goveia.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Viver Bem

Vídeo baseado na temática "consumo" produzido pelos alunos de LCM.



Alunos responsáveis pelo trabalho: Débora Corrêa, Gusthavo Crispim, Kássia Cristina, Matheus Medeiros, Ricardo Alves e Vanessa Perotoni.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O google deixa a gente mais burro?




Na verdade esta não é uma pergunta, mas uma afirmação do aluno de LCM, Ricardo Alves. Segundo ele, a facilidade no acesso às informações disponíveis pelo buscador tem contribuído para tornar as pessoas "mais burras".

Muitos foram os comentários durante a aula sobre Web 2.0. Alguns disseram que tudo vem "mastigado" pela internet e assim, ninguém se dá ao trabalho de aprofundar em nada. "Podemos saber sobre diversas coisas, mas sempre superficialmente", observou o aluno Ernesto Duarte.

A questão é que estamos vendo surgir uma nova forma de inteligência, que funciona por meio de associações e conexões, opinou Gabriel Newton, também aluno de LCM. Nesse sentido, o internauta é aquele que consegue organizar o conteúdo disperso na rede numa trama com lógica própria e que faça sentido para ele.

A discussão continua aberta.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"A semiótica não é um olho caolho sobre o mundo"

O professor Sandro de Oliveira concedeu entrevista sobre Semiótica para o nosso blog. Esta temática está sendo trabalhada com os alunos do 3º ano de Teorias da Comunicação.

Sandro de Oliveira é mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás. É professor no curso de Comunicação Social/Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás nas disciplinas de cinema e linguagem audiovisual. Tem experiência na área de comunicação e linguagens (tele)visuais, atuando principalmente nos seguintes temas: cinema, telejornalismo, imagem, produção, semiótica.



- Semiose é o processo de significação, segundo Peirce, é correto afirmar que este não é um campo de estudo exclusivo da semiótica?

Sandro - A gente pode concluir que signo não é um conceito exclusivo da semiótica, pois Saussure, por exemplo, usou o conceito de signo para fundar os prolegômenos da semiológia que lidava com um campo que era quase que seu co-irmão, a linguística. Penso que signo é um conceito sobre significação para vários campos onde está incluso o campo da linguagem, e linguagem é tudo, está em tudo. O uso do signo pode ser feito em vários campos: antropologia, sociologia, matemática, biologia, genética, etc. Por exemplo, quando divisamos um objeto a uma certa distância de nós e andamos a metade desta distância, indefinidamente, nunca chegaremos ao objeto em questão. O signo, por estar num estado de incompletude eterna, confirma esta máxima matemática, ou seja, o signo nunca será apto a representar seu objeto por completo. Outro exemplo do uso da semiose é no campo da medicina, em que há até uma área (semiologia) que lida com os sintomas dos pacientes.

Jô - Qual a relação entre semiótica e fenomenologia?

Sandro - Peirce dizia que a fenomenologia era uma quase-ciência, pois nos guiava no campo nebuloso da percepção dos fenômenos reais (materiais ou não) que chegam aos nossos sentidos. Era necessário para Peirce, num certo momento de seus estudos, tentar avaliar, divisar e classificar os modos como os nossos sentidos apreendem os fenômenos. E então, ele chegou até o número três, que de tão pequeno parece até pretensioso, somente 03 maneiras ou estágios que os nossos sentidos se utilizam para apreender os fenômenos. Eles são: a) a primeiridade (a qualidade tenra do fenômeno); b) a secundidade (a existência física não mediada do fenômeno) e; c) terceiridade (o fenômeno no campo das leis, das convenções).

Jô - Em sua opinião, quais as principais contribuições da semiótica para a análise da imagem?

Sandro - Quando vivemos, estamos num estado pleno e intenso de observar fenômenos. Alguns fenômenos são de ordem meramente qualitativa, por exemplo, um sopro que sentimos num dia frio, uma leve dor de cabeça, um odor no campo. Esses fenômenos podem estar na forma existencial, física, atingindo os nossos sentidos como um tapa no rosto, um choque elétrico, um tropeço na rua, etc. Ou estes fenômenos podem estar num estado de manifestação genérica, um sinal de trânsito, um ruído de sirene de ambulância, um apito de guarda policial, um texto, um símbolo qualquer. Todos os fenômenos que chegam aos nossos sentidos necessitam que tenhamos para com eles um estado intenso de observação para sabermos o que eles efetivamente são.

Quando vamos analisar um signo, podemos vê-lo de três maneiras, na relação com ele mesmo, na relação com o objeto dele, e na sua relação com um interpretante possível. E, para cada uma destas maneiras de enxergarmos o signo, temos três fases de análise, três maneiras de observarmos o signo, pois, como vivem na total incompletude e são vítimas do contexto e do ponto de vista da interpretação, o signo está sempre imerso num vasto campo de possibilidades. O quadro abaixo, tirado do livro de Teixeira Coelho, Semiótica, Informação e comunicação, nos dá uma clara imagem das possibilidades do signo.

Divisão dos signos

Categoria

O signo em relação a si mesmo

O signo em relação ao objeto

O signo em relação ao interpretante

Primeiridade

Quali-signo

Ícone

rema

Secundidade

Sin-signo

Índice

Dicente

Terceiridade

Legi-signo

Símbolo

argumento

Vamos então, iniciar o nosso percurso para vermos como podemos classificar uma imagem. Bem, uma imagem pode ser três coisas: uma qualidade (um sonho, um devaneio, uma visão de soslaio que temos), pode ser um existente material (uma foto, um filme, um quadro) ou pode ser uma lei, uma convenção, uma representação de algo que necessitamos de conhecimento técnico para apreendê-la (uma equação escrita no quadro negro). Esta é a leitura que temos desta imagem em relação a ela mesma, a sua materialidade e a sua existência como tal. É o signo em relação a ele mesmo. A primeira coluna do quadro acima.

Num segundo percurso de leitura da imagem, vamos lê-la em relação ao objeto que ela representa, ou como diz Peirce, o objeto para o qual ela está. Esta relação da imagem com o objeto pode estar inserida num campo de similaridade (um fragmento de filme mostrando fogo), numa relação de dedo apontado para o mundo (uma foto 3X4), ou numa relação de interpretação com alguma lei que lhe é intrínseca (uma placa indicando a contramão). Estamos na coluna dois do esquema.

Num terceiro e último viés de leitura da imagem, vamos tentar esquematiza-la em relação ao interpretante que ela gera, ou seja, a ideia de interpretação que ela provê numa certa mente interpretante (não vamos, erroneamente, antropomorfizar este termo, pois interpretante não é intérprete – muito menos humano, somente!). Assim, nesta relação do signo com o interpretante podemos ter uma possibilidade qualitativa, essência, hipótese (um quadro abstrato), apresentando-se ao interpretante como fatos existentes (o ponteiro da bússola) e podemos ter conclusões de leis, enunciado, uma proposição, um signo de raciocínio lógico que relaciona premissas sugerindo uma conclusão verdadeira (nota musical escrita num papel).

A imagem, segundo Peirce, está no campo dos índices, pois ela é um dedo indicado àquele algo que ela indica. As fotos, os hologramas, um pedaço de filme, um cartaz, uma placa de trânsito, todas indicam algo que está fora delas, uma significação que está fora delas. Contudo, esta maneira como as imagens significam não é una, pois como todos os fenômenos, a imagem também tem seus três campos de significação.

Eu posso analisar a imagem em relação a ela mesma: qual a sua (i-) materialidade? Uma imagem pode ser algo que se relaciona à visão que tenho dela como signo e em relação ao objeto que ela representa: vamos ver então, um exemplo, o arco-íris. O arco-íris é um sin-signo, pois é uma imagem evanescente, fugidia, mas meus olhos o vê, é um existente que é um signo. É também um ícone, pois não representa nada além dele mesmo. Posso dizer, sob determinado viés, que o arco-íris é um sin-signo icônico.

Outro exemplo, um quadro figurativista. Ele é um existente (sin-signo) que representa seu objeto numa relação de dedo apontado (indicial) e relaciona a imagem que o interpretante vê ao objeto que ela indica (dicente). Portanto, um quadro figurativista é, sob determinado ponto de vista, um sin-signo, indicial, dicente.

Jô - O que um estudante de audiovisual precisa saber sobre semiótica?

Sandro - A semiótica é um campo de estudo que pode dar ao estudante de audiovisual as ferramentas para poder analisar as imagens de maneira mais profunda, indo da materialidade da imagem (seu suporte, suas características que são geradas por estar num determinado suporte), da sua relação com o mundo com o qual ela se dialoga, inter-relacionando o mundo que é o objeto dinâmico da imagem com a feitura (produção) da mesma e vendo a possibilidade de como esta imagem afeta o público-alvo desta imagem, tentando ver, pragmaticamente, qual será o impacto sensório, visual e intelectual da imagem sobre os espectadores que a consomem.

Jô - Uma fragilidade da semiótica seria a sua visão imanentista e determinista, ou seja, um ramo do conhecimento pouco permeável às variáveis culturais e sócio-históricas, entre outros motivos por ser uma corrente teórica estruturalista. Como você analisa essas afirmações?

Sandro - Nunca fui pessoalmente tolhido de conclusões esclarecedoras acerca dos objetos aos quais me debrucei na minha curta vida de estudante de semiótica por causa da suposta pragmaticidade da semiótica. Há dois anos, orientei um trabalho sobre uma leitura semiótica de um filme sobre o pintor holandês Johannes Vermeer. Foi extremamente esclarecedor para mim e para minha aluna, Miriam Mesak, os caminhos que tomamos para analisar o filme. No final da monografia, havíamos nos aprofundado na feitura do quadro, o tempo de ideias que permeou a produção de Vermeer, os aspectos morais, culturais e políticos que se estabeleceram entre o pintor e o mundo que o rodeava e as questões estéticas que permearam a produção do filme, etc. Um diálogo prenhe de significações profundas foi estabelecido entre nós, provando que a semiótica não é um olho caolho sobre o mundo, mais uma possibilidade livre, viva e ágil de estudarmos os fenômenos a nossa volta.

Jô- Conforme a relação que mantém com o objeto, com o interpretante ou o com ele mesmo, o signo pode pertencer a dezenas de classes, segundo Peirce. Esse excesso de classificação não torna a semiótica muito complexa e de difícil entendimento? Ou ainda, confere à análise semiótica um caráter de mero exercício de abstração?

Sandro - Eu penso que toda ciência tem sua força e sua fragilidade. Gosto tanto da semiótica que só consigo ver potencialidades na sua aplicação. Por exemplo, agora mesmo, estou desenvolvendo meu projeto de doutorado sobre a presença do ator no cinema, e não vejo outra ferramenta capaz de poder analisar o ator na sua materialidade na tela, a sua presença na imagem do cinema, seus gestos, seu rosto imenso em close-up. Quanto mais vejo imagens, mais penso que a semiótica, conjugada com outras tantas áreas de investigação - teoria da imagem, fenomenologia, linguística, teoria da enunciação sonora, etc. -, é o viés mais apropriado para podermos não somente vermos imagens, pois isto fazemos o tempo todo. A semiótica me ajuda a olhar imagens. Sinto-me tão à vontade trafegando pelos caminhos da semiótica, que acho estranho alguém dizer que ela pode ser hermética ou inútil. Se é um exercício e se é abstrato, é ciência, e ciência nunca será descartável.

- Em que medida identificar um signo e classificá-lo modifica a semiose?

Sandro - Tenho medo de responder esta pergunta assim, tão categoricamente, pois me sinto somente um investigador, um amador que apalpa seu objeto à procura de respostas. O que posso dizer é que cada interpretante, munido de seu repertório de informações, experiências, vivências, será afetado pelo signo de maneira tão especial, insubstituível e intransferível, que nunca posso dizer que a semiose é um processo padronizado para o interpretante. O mundo dos fenômenos é tão vasto, caótico e imprevisível que cada processo de efetivação do signo é um processo único. Mas, aqui, estamos falando de duas coisas que, penso, são diferentes. A identificação do signo e sua classificação (como se fosse possível classificar o signo de maneira categórica, já que o signo vive sempre no constante movimento entre a onipresença das categorias fenomenológicas) é um processo meramente de tentativa de mecanicamente ver seu funcionamento nas várias possibilidades de encontro com o interpretante. Já a semiose é um fenômeno idiossincrático, inconstante, inalienável.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quem precisa de um celular?


Alguém conhece uma garota de 18 anos que não tem celular por opção? É claro que existe, mas a pergunta é se você conhece. Recentemente Vitória Magaña, aluna do 1º ano do curso de Audiovisual, durante uma aula de LCM sobre mídia e globalização, revelou, para uma turma perplexa, que não tem celular. Logo ela foi bombardeada por perguntas:

Por que você não tem?
Vitória - Não tenho vontade, não sinto falta.

Matheus - Mas não sente falta de falar com amigos?
Vitória - Pelo celular não. Acho até chato. Tenho uma amiga que não desgruda do celular um instante. Outro dia a gente tinha viajado e estava num lugar super bonito e ela de olho no celular o tempo todo.

Tayrini - E seus pais, usam celular?
Vitória - Minha mãe tem, mas quase nunca usa e meu pai usa mais para trabalho.

Tamara - Mas como os seus pais fazem para te achar, saber onde você está?
Vitória - Eles conhecem meus amigos, eu digo onde vou e com quem e tudo bem.

Débora - Eu quero uma mãe dessa.

Flávia - Minha mãe conhece a Tayrini há 11 anos e nunca deixa eu sair com ela sem celular...

(risos)

Na era da hiperconectividade ou da extrema vigilância, estar "desconectado" parece uma condição marginal, mas será que, em alguma medida, não pode ser um ato de insubordinação e liberdade?