sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mídias sociais em questão



Por ocasião do seminário "Mídias Sociais e novas possibilidades de comunicação via internet", dentro da 11ª Goiânia Mostra Curtas, discutiu-se novas alternativas para a distribuição de filmes, o que o professor da PUC-SP, Marcus Bastos, chamou de distribuição online. Sérgio Basbaum, também professor da PUC-SP, observou que a suposta democratização de canais como o YouTube favorece a produção de vídeos sem qualidade, uma vez que falta repertório cultural aos produtores de ocasião que surgem no mundo todo. A artista do ResTelinha, Kelly Lima, que estava na plateia, discordou do argumento de Basbaum e disse que a possibilidade de expressão que a internet confere às pessoas é algo mais significativo, do que o julgamento de valor imposto por parâmetros estéticos.

Leandro Reinaux, sócio-fundador do tuit.in, empresa que atua no monitoramento e análise de mídias sociais, confirmou o que já se supunha, isto é, os hábitos de navegação dos internautas são rastreados sistematicamente, o que garante a amostragem de perfis que alimentam ações de marketing cada vez mais específicas e certeiras. Com a participação da plateia discutiu-se ainda sobre as novas gerações, sua relação com as mídias sociais e a necessidade de repensar o modelo de educação existente no Brasil. Ampliando esta temática o que permaneceu como uma inquietação para os presentes é a constatação de uma nova relação da sociedade com a produção e circulação do conhecimento, incluído aí o audiovisual como um tipo de conhecimento especializado. Para alguns esta é uma situação desnorteante e por isso mesmo, para outros, instigante.

Qual a sua contribuição para esta discussão?

11 comentários:

  1. 2 pontos a se pensar:
    1-"disse que a possibilidade de expressão que a internet confere às pessoas é algo mais significativo, do que o julgamento de valor imposto por parâmetros estéticos."
    concordo com a questão colocada, mas será que o valor estético precisa ser TÃO desprez(s- não sei)ado como está sendo em diversas produções que circulam na rede??

    2- "Ampliando esta temática o que permaneceu como uma inquietação para os presentes é a constatação de uma nova relação da sociedade com a produção e circulação do conhecimento, incluído aí o audiovisual como um tipo de conhecimento especializado."
    acho no mínimo estranho pessoas ficarem inquietas com um FATO que já se faz praticamente corriqueiro das mudanças em relação ao conhecimento. Hoje em dia não soh no audiovisual mas como em qualquer ramo, estão crescendo os números de especialistas, acho que isso não está sendo nada mais que uma necessidade de mercado que já é clara e comum atualmente.

    não vi o debate e nem sei se estou falando besteira.. mas do que está escrito aqui foi oq me levou a pensar.. ;D

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  2. Sobre o que vc fala no ponto 2, Ernesto, na verdade é possível observar um movimento que segue paralelo, que é mais ou menos assim: enquanto cresce o número de especializações e subespecializações em diversas áreas do conhecimento, também notamos a ampliação de "amadores" que agora possuem "os meios de produção". Não é preciso ser um "especialista" em audiovisual para produzir um vídeo (com qualidade ou desprezível) e conquistar a atenção/audiência de milhares de pessoas.

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  3. Essa ideia de que apenas quem tem uma bagagem cultural é capaz de produzir um bom filme é certo até um certo ponto. Pego como exemplo os filmes de Jean-Luc Godard, seus filmes mais recentes são feitos com o seguinte slogan(do próprio Godard):''Filmes políticos feitos com uma estética politica.'' Ao saber disso me pergunto:Quem é o mais necessitado de uma reforma politica, obviamente é o pobre que sem estudo(preconceituosa essa afirmação) não gosta de filmes políticos feitos politicamente, pois a politica não lhe concede bagagem para a compreensão de tal linguagem cinematográfica, então o Film Socialism de Godard é visto e compreendido por apenas aqueles que tem a politica ao seu lado, e que tiveram um ensino de base mais focado. O problema de filmes feitos como arte é a linguagem utilizada pelos mesmos. É muitas vezes quase imcompreensivel, como o filme do Sergio Basbaum, a imagem do filme não é o ponto, ela serve para apenas dar complemento ao seu discurso sobre dar passos. Mostrar um discurso desses para alguém que tem sua vida fortemente regida pela politica(ou por sua falta) não é de grande proveito, pois essa pessoa não tem bagagem e essa pessoa tem mais para se preocupar do que se questionar se seus passos foram dados ou não. O cinema arte atual é feito por pessoas que tem certa dificuldade de ''falar'', de usar uma linguagem compreensível para aqueles que realmente precisam. Há uma grande contradição desses artistas, pois sua arte é para ser revolucionária, mas para quem? É só para fazer uma platéia de brancos aplaudir(preconceito, eu sei, mas qual a quantidade de melanina presente na parcela mais rica desse mundo?) A um problema de comunicação ou um problema de ideal.

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  4. acho que há um problema de ideologia, Gabriel. O próprio Sérgio Basbaum lucidamente disse que "há uma guerra pela determinação do sentido das coisas" ou em outras palavras, o campo da cultura é um território de disputas pelo discurso mais legítimo. E que discurso é esse? aquele que legitima o mesmo sistema que o criou e que distingue os indivíduos que dele se apropriam. É o velho embate entre cultura erudita e cultura popular; elite e povo... O problema é que a cibercultura (e antes, a cultura de massa) promove a mistura, embaralha os códigos de distinção e nivela quase tudo ao "gosto" ou "mau gosto" da maioria.

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  5. Certamente, o ponto-chave da mesa foi a "qualidade" das produções audiovisuais e dos sentidos estéticos por trás de cada uma. Na minha perspectiva, a discussão se baseou na velha concepção da dicotomia, inclusive da propriedade do conhecimento e do saber, que, neste caso, está para a filosofia do que é arte. Sendo assim, eu dou mais valor a uma mesa que se proponha agente de transformação, muito além de uma mera fala, mas de boa-vontade prática para fazer. Exmplicando-me, se falamos que algo não possui profundidade semântica, apenas morfológica (botão on/off da câmera), por que ninguém da mesa falou o que estou fazendo para que esse "bando" de gente que não sabe fazer vídeo possa ter um mínimo de "cultura"? (Os termos entre aspas literalmente revelam o discurso de um sujeito coletivo presente ai na mesa - metodologia de Lefebre). Portanto, a Kelly Lima foi muito feliz em sua colocação, questionadora de uma postura rígida do que é arte; não pelo fato de menosprezar o que ela adquiriu de status, mas de tentarmos commpreender outras visões que são criadas continuamente por "pessoas" que "se vêem" através das câmeras. Mesmo que não me agrade muitas destas produções, o importanto seria pensar "por que estão fazendo isso?". Na medida em que olharmos desta forma, conseguiremos refletir melhor sobre o perfil da sociedade, e não somente do indivíduo.

    PABLO REGIS

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  6. Acho que esta é mesmo uma pergunta importante, Pablo: o que as pessoas fazem com os recursos que estão ao seu alcance e por que fazem o que fazem?

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Eu acredito que essa leva de vídeos considerados "fúteis" no YouTube são nada mais nada menos que uma resposta à demanda da maioria das pessoas. Se eles não fizessem sucesso as pessoas deixariam de produzi-los, certo? Mas pra mim todos devem ter a liberdade de fazer aquilo que estiver ao seu alcance, e não vejo essas produções caseiras com poucos recursos como uma ameça à nossa profissão (sim, já ouvi algumas pessoas dizendo isso). Acho que é mais uma democratização das produções, isto é, todos podem e tem o direito de produzirem o que bem entenderem.
    Ficou meio confuso, mas é isso '-'

    Victor.

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  10. O que Sérgio Basbaum disse sobre "a suposta democratização de canais como o YouTube favorecer a produção de vídeos sem qualidade, uma vez que falta repertório cultural aos produtores de ocasião que surgem no mundo todo" não é exatamente verdade, na minha opinião, por que muitas pessoas que lançam seus videos no youtube não querem exatamente participar de algum concurso ou qualquer coisa parecida e sim, somente, expor seu trabalho, sua arte, para quem quiser assistir e assim mesmo você encontra videos muito bem feitos. Não são superproduções, claro, mas trabalhos muito bons. Concordo com a Kelly Lima, de que "a possibilidade de expressão que a internet confere às pessoas é algo mais significativo, do que o julgamento de valor imposto por parâmetros estéticos" por que um espaço livre, que não te limita ou impede que você se expresse, revela muitas pessoas com ótimas ideias.

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  11. O importante , atualmente , é o individuo ter onde se expressar e da maneira como quer. Prova disso são os vlogs, muitos conhecidos atualmente que por vezes nem são significativos mas expressam a visão de um alguém.E ,por fim, na oficina "Processos audiovisuais cocriativos" produzimos um vídeo com caráter de expressão de um grupo comum durante um passeio. Pra quem quiser conferir http://www.youtube.com/watch?v=Z48kuc3L3eI

    Vanessa Goveia

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